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A ‘derrota’ de João Campos

Com o fim do segundo turno, o resultado das urnas mostrou quem, de fato, sofreu a maior derrota da história em Pernambuco

A palavra “derrota” tem muitos significados. Às vezes, uma derrota aparente é apenas uma forma mais complexa de vitória — um recado estratégico, um passo a para avançar, que fanáticos não conseguem enxergar.

Este é o caso de João Campos, que, apesar de estar na oposição, terminou as eleições municipais de 2024 em Pernambuco em uma posição muito mais fortalecida do que qualquer suposto derrotado poderia esperar.

Os números falam por si. Em Pernambuco, a Frente Popular, aliança liderada por João Campos e seu partido, o PSB, conseguiu eleger prefeitos em seis dos dez maiores colégios eleitorais do estado, mostrando uma força impressionante, especialmente para quem atua sem o respaldo da máquina estadual.

Diferente daquilo que aliados do palácio se apressaram em dizer, o resultado é uma resposta inequívoca da população pernambucana ao governo de Raquel Lyra, que, apesar de ter a comandar o Palácio do Campo das Princesas, assistiu a um recuo histórico de apoio político nas urnas.

Se olharmos para o quadro geral das eleições de 2024, o PSB consolidou-se como o partido mais votado no estado, mesmo quando excluímos o Recife dessa conta. Essa força nas urnas representa uma mensagem clara de que, ainda que João Campos não detenha o poder estadual, seu partido tem o apoio direto de uma parcela significativa da população pernambucana, mais precisamente 26%.

Isso significa que, sob a liderança de Campos, o PSB governará mais de um quarto do estado de Pernambuco, um dado impressionante para quem, teoricamente, deveria ter sofrido um revés nas urnas.

Outro ponto que chama atenção é o desempenho nas câmaras municipais. O PSB elegeu o maior número de vereadores no estado, o que garante capilaridade e força na base. Essa é uma conquista que certamente contribuirá para uma oposição eficaz ao governo estadual e para a defesa dos interesses dos municípios que João Campos e seus aliados representam.

Em comparação com Raquel Lyra, a diferença é clara: com a força da máquina estadual, a governadora viu 90 aliados serem eleitos, enquanto Campos, mesmo na oposição, garantiu 91. Entre os eleitos, 3 são de partidos independentes, o que reforça o tamanho do feito da oposição.

Na prática, isso indica que o governo estadual obteve um desempenho abaixo do esperado para quem tem a máquina nas mãos, ficando muito aquém do padrão histórico de apoio.

Com isso, Raquel amarga o pior desempenho de um governo estadual até então havia sido em 2000, quando Jarbas Vasconcelos conseguiu ainda eleger 120 aliados, mesmo enfrentando dificuldades. Agora, Raquel Lyra precisará lidar com o fato de que nem mesmo isso foi alcançado em 2024.

Então, se isto é uma “derrota” para João Campos, imagine o que seria uma vitória. Com o fim do segundo turno, o resultado das urnas mostrou quem, de fato, sofreu a maior derrota da história em Pernambuco. Spoiler: não foi João.

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Marcelo Aprígio

Jornalista pela UFPE. Foi repórter de política e economia no Jornal do Commercio e editor de conteúdo do Portal NE10/UOL. DRT 7839/PE.
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