O ano letivo começou de forma caótica nas escolas da rede municipal do Recife. Desde o retorno às aulas, em 5 de fevereiro, as unidades ainda não receberam materiais essenciais para o funcionamento adequado das atividades. Entre os principais problemas estão a falta de kits escolares — que deveriam conter cadernos, lápis, borracha e outros itens básicos — e a ausência de fardamento para os alunos.
“Os pais e responsáveis procuram a escola diariamente em busca dos materiais, mas não temos sequer uma previsão de entrega”, denuncia Jaqueline Dornelas, coordenadora geral do Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (SIMPERE). Além disso, professores relatam a escassez de produtos de limpeza, essenciais para a higiene e segurança dos espaços escolares.
Outro problema crítico é a falta de manutenção nos aparelhos de ar-condicionado. Sem os equipamentos funcionando, diversas salas de aula se tornam insuportáveis devido ao calor extremo. Um dos exemplos mais alarmantes ocorre na Escola Municipal de Casa Amarela, na Zona Norte da cidade, onde estudantes e professores enfrentam temperaturas elevadas sem qualquer suporte adequado.
“Recife é uma cidade vulnerável às mudanças climáticas, e a precariedade estrutural das escolas agrava ainda mais essa situação. Quando chove, as unidades alagam; quando faz calor, a falta de manutenção dos equipamentos coloca em risco a saúde de alunos e professores. Isso não pode continuar sendo ignorado”, ressalta Anna Davi, também coordenadora geral do SIMPERE.
Para o sindicato, o descaso da prefeitura com a educação ficou evidente já nos primeiros dias do ano letivo. Além dos problemas estruturais, os professores também enfrentam a ameaça de não receber o valor referente às aulas-atividade de fevereiro, sob a justificativa de que o mês possui menos dias letivos — argumento que não se sustenta, já que o planejamento das aulas ocorre da mesma forma.
“O ano mal começou, e a gestão municipal já demonstrou, mais uma vez, que a educação não está entre suas prioridades”, destaca Anna. O SIMPERE exige respostas urgentes e providências imediatas para garantir condições dignas de ensino nas escolas da rede.
Colapso na Escola Herbert de Souza: abandono da gestão municipal expõe destino inevitável
Em reforma desde 2023, a Escola Municipal Cidadão Herbert de Souza, localizada no campus da Universidade de Pernambuco (UPE), no bairro de Santo Amaro, segue sem previsão de retorno às aulas presenciais. Diante das péssimas condições do prédio, a comunidade acadêmica decidiu suspender as atividades, já que a estrutura representa risco para os 160 alunos atendidos em dois turnos e também para os professores.
Entre os inúmeros problemas da Herbert de Souza estão vazamentos na rede elétrica, destelhamento de diversas áreas e armários enferrujados. Diante desse cenário, o SIMPERE defende a transferência imediata dos estudantes para outra unidade até que as obras sejam concluídas. Além disso, o sindicato já enviou um ofício à Prefeitura solicitando uma nova previsão para a entrega do novo prédio.
“A sensação é de abandono. A escola foi esquecida, e a comunidade está sendo punida pela gestão”, lamenta Jaqueline Dornelas.
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